sábado, 10 de abril de 2010

Das histórias de infância I

Hoje, enquanto estudava pra uma prova na qual já sei que vou me ferrar,  comecei a pensar nas minhas cagadas historias de infância. Vou contar uma das que foram mais tensas pra mim. Como essa história envolve pessoas com quem não tenho mais contato, vou alterar os nomes para evitar constrangimentos. Essa história é sobre meu amigo Fernando, grande Fernando, amigo que jamais será esquecido.

Numa tarde quente de janeiro do século passado, meus amigos e eu resolvemo ir nadar no rio... pois não era muito longe e estava fazendo muito calor. Todos curtiram a idéia, menos eu que estava com medo da surra que ia levar se minha mãe descobrisse que eu saí sem a permissão dela. Mas como estava realmente muito calor, resolvi ir.

Chegando lá, disse pra mim mesmo que tinha valido a pena, porque todo mundo estava se divertindo e fazendo bagunça. Lá por umas 18:00h, resolvemos voltar, porque logo iria escurescer. Quando estamos quase chegando, alguém dá por falta do Fernando... tipo, ninguém se lembrava de tê-lo visto desde antes de irmos embora. E agora, o que fazer?

Nessa hora veio a minha cabeça tudo o que de pior podeira acontece: polícia, julgamento, cadeia... e o pior de todos os destinos: a reação da minha mãe ao contar que tinha saído sem ela saber e deixado o Fernando morrer afogado. Nessa hora a cadeia já não me parecia um lugar tão ruim... pois tem banho de sol uma vez ao dia, duas refeiçoes e o melhor de tudo, proteção policial contra os meus pais.

Todos desesperados, voltamos ao rio e procuramos por toda a parte...dentro do rio, nas pedras, até em cima das arvores. Aí começaram a surgir mais teorias, algumas envolviam assassinos, outras extraterrestres... Mas escuresceu... e a única opção (além de fugir pra Guiana) era voltar... voltar e encarar o que nos esperava.

Já chegando novamente, todos com as cabeças baixas, uns chorando, outros desesperados... vemos em frente à casa do Felipe os pais de alguns de nós, com caras que variavam desde preocupação até irritação.

 Todos os pais estavam tão bravos que foram nos arrastando pra casa, sem que nenhum de nós tivesse coragem de contar o que havia acontecido, nisso ouve-se da esquerda uma voz, uma voz conhecida, vinda da janela da casa do nosso finado amigo... era ele, perguntando por que havíamos demorado tanto pra vir embora e dizendo que havia vindo antes porque não tinha almoçado e estava morto de fome. Nessa hora o ódio substituiu o pranto e deste dia em diante todos prometemos jamais perdoar ele, pois no final,todos acabamos apanhando em casa. Mas ódio de criança é coisa boba, que logo passa, na semana seguinte já voltamos às boas com ele. Hoje em dia já não nos falamos mais, pois o tempo se encarregou de separar toda a turma, mas toda vez que o vejo, me lembro dessa história.

Como disse no começo, essa história é sobre meu amigo Fernando, grande Fernando, amigo que jamais será esquecido. Fernando, grandissíssimo filho da puta.

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